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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

8º Dia




Meu aniversário

Você já recebeu uma ligação telefônica tarde da noite? Eu já. E era uma má notícia. Na real uma triste e horrível notícia.

Estávamos em 24 de novembro de 2001. Meu primeiro casamento quase acabando - e naquele dia a um fio, pois eu passara a noite fora de casa -, meu pai doente com efisema pulmonar e minha carga de esperanças chegando ao limite mínimo. Esse era o quadro.

Aconteceu que pelas 10 da manhã eu fui visitar meu pai na UTI de um hospital público de Porto Alegre e o vira fazendo um força descomunal pra respirar, acho que estava inconsciente, e estava em meio a uma crise (?) de embulia... quem me disse foi o médico. Perguntei se era sério e ele me disse: vamos ver...

Lembro que sai dali atordoado, fui à capela rezar e vi minha fé despencar sobre o chão. Já não tinha forças pra me enganar sobre o destino de meu pai. E havia dois culpados por aquilo: ele próprio e o cigarro. Independentemente dessa certeza, acendi um cigarro e fui pra casa.

À tarde lembro que fui até ao estúdio de TV local para gravar dicas sobre o vestibular UFRGS e sei que quem depois assistiu a gravação perguntou: cara, pq tu tava com uma cara de bunda na TV? A resposta pra vcs parece óbvia agora.

À noite, pra "comemorar" o aniversário fizemos um churrasquinho com minha mãe - separada de meu pai há 12 anos -, minha ex-esposa, meu padastro e a Mary Jane - minha primeira filhinha (cadelinha Cocker) que um dia vcs irão conhecer - e eu.

23h47m e o telefone toca. Minha mãe atende, começa a chorar e me abraça pra dizer o que eu já sabia...

O cigarro vitimou meu pai, naquele dia, o dia do meu aniversário.

Parece estranho o que pensei na época, mas diante do sofrimento que testemunhei naquela manhã de sábado no hospital meu pai deu um presente pra ele, pra mim e meus três irmãos deixando a vida assim de súbito (embora já estivesse no hospital há 10 dias, não passava na cabeça de ninguém , ou talvez só na minha, que ele viria a morrer) para aliviar a sí a todos... É estranho pensar assim, mas pensei.

Passados nove anos, me mantive fiel a uma merda chamada Marlboro, mesmo depois de toda a experiência com meu pai. Só tive motivação e coragem suficientes pra parar com isso devido a minha pitikinha. Meu pai, que brincava dizendo que os filhos dele eram incompetentes pois só tinham filhos caninos, não teve tempo de conhecer em terra a Claudinha. Ela, por sua vez, poderia ter nascido no dia 24 de novembro - meu dia e de meu pai -, mas não nasceu.
De qualquer modo, quando deu seu primeiro chorinho em minhas mãos acho que ninguém no centro cirúrgico reparou quando a ergui e a mostrei pro seu Cláudio, em uma homenagem à vida:

Taí, paizinho, a tua neta!!!

Té a próxima.

2 comentários:

  1. Gafa....queres matar de emoção quem lê né?
    Tudo bem chefe....é a vida!
    Linda história....

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  2. Grande primo! Esse fato marcou demais a minha vida também. Desde o dia 24 de novemrbo de 2001 que eu falava pra mim mesmo que eu tinha que parar de fumar pois eu não tinha o direito de fazer isso com as minhas filhas. Demorei um pouco, mas no dia 15 de novembro fez 4 anos que eu nunca mais coloquei um cigarro na boca! Em homenagem ao meu primo e em cuidado com as minhas filhas!!!! Tudo de bom pra vocês!! André Strey

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